terça-feira, 20 de abril de 1999

A estréia de Ana Carolina em CD

Cantora despista a semelhança vocal com Cássia Eller em ótimo CD


cd ana carolina


Os telespectadores da novela Andando nas Nuvens já devem ter pensado que ouviam a voz de Cássia Eller na música que ilustra as cenas da atriz Débora Bloch. O timbre viril engana mesmo. A intérprete da música Garganta, tema pop da personagem Júlia Montana, é Ana Carolina. Mineira de Juiz de Fora, Ana debuta esta semana no mercado com um ótimo disco, sem medo de comparações com Cássia ou com qualquer outra cantora da linha pop.


“Eu me sinto lisonjeada de ser comparada com Cássia. Isso é até positivo. Quando Chico César apareceu, todo mundo dizia que ele imitava o Caetano Veloso. Hoje, as pessoas já ouvem Chico sem associá-lo a Caetano. É uma questão de tempo. Daqui a dez anos, vai aparecer uma cantora de voz grave e dirão que ela se parece com Ana Carolina”, prevê a cantora estreante.


Garganta puxa o disco de estréia de Ana, que grava inéditas de Arnaldo Antunes (Agora ou Nunca), Alvin L. (Perder Tempo com Você) e regrava músicas de Lulu Santos (Tudo Bem) e Chico Buarque (Beatriz e Retrato em Branco e Preto, parcerias com Edu Lobo e Tom Jobim, respectivamente). Mas o maior destaque do repertório acaba sendo o compositor gaúcho Totonho Villeroy, autor de Garganta e da faixa que abre o CD, a ótima Tô Saindo.


“Eu me sinto feliz de mostrar para o Brasil o trabalho de Totonho Villeroy, um grande compositor. Na realidade, o fio condutor do disco são as letras. O mais importante, para mim, é o que eu estou dizendo”, ressalta Ana Carolina. Nesse sentido, Garganta conta a própria história de Ana, uma mineira de 24 anos que é a mais nova carioca da praça (ela mora na Barra há duas semanas). “Totonho assistiu a um show meu em Belo Horizonte, foi no camarim e me mostrou a letra, dizendo que tinha feito os versos durante o show. Em dois dias, ele me mandou uma fita com a música”, lembra a cantora.


Ana se identificou com a letra de Garganta porque, como ressalta, sempre se virou sozinha, fazendo shows no circuito mineiro e na região serrana do Rio. O contrato com a gravadora BMG foi fruto de uma apresentação no Mistura Fina. Luciana de Moraes, filha de Vinícius de Moraes, estava na platéia e levou o CD demo de Ana para a diretoria da gravadora. Em duas semanas, o contrato estava assinado e, logo depois, Retrato em Branco e Preto chegou a tocar em algumas rádios cariocas. Pontapé inicial de uma carreira que tem tudo para deslanchar. Com ou sem Cássia Eller.


Fonte: Mauro Ferreira - Jornal O Dia