quinta-feira, 19 de abril de 2001

ANA RITA JOANA IRACEMA E CAROLINA

4 cópiaQuando Ana Carolina surgiu, as pessoas comentavam que ela parecia uma mistura de Cássia Eller com Zélia Duncan. Mesmo assim, ela já conseguia imprimir sua marca. Agora, Ana está mais agressiva. Em seu segundo CD, Ana Rita Joana Iracema e Carolina, a cantora tenta fazer um trabalho mais conceitual, sobre diversas vertentes e inconstâncias da alma feminina. Consegue apenas em parte. Na verdade, ela fala mais de embates amorosos do que outra coisa. Mas este disco é superior ao primeiro, além do que ela está convencendo em um maior número de faixas. Ana não gosta que seu som seja rotulado de pop/romântico, prefere MPB pop. Mas em diversas faixas ela está totalmente imersa no padrão pop/romântico internacional. Confesso, Quem de Nós Dois, Pra Terminar, Que Se Danem os Nós e Me Sento na Rua poderiam ser gravadas em qualquer lugar do mundo, com qualquer cantora, mas isso não chega a ser um defeito. Apenas estão de acordo com o som radiofônico e o padrão de letra em voga atualmente em todo o globo.


Mais ousadas são faixas como Ela É Bamba, Implicante - ambas com mais referências da citada "MPB", do samba à embolada -, Joana (ainda que poderia ser melhor construída, sem os clichês bluseiros do final), O Rio (de bela melodia) e principalmente Violão e Voz, espécie de samba-funk, uma das melhores faixas do disco, num inspirado dueto com Alcione, que se mostra mais uma vez interessante mesmo numa faixa pop, totalmente diferente do seu gênero. A canção cita a Oração de São Francisco de Assis e Samba e Amor, de Chico Buarque, além de referências a Geraldo Pereira e Noel Rosa. Bola dentro. Ana ainda precisa aperfeiçoar a interpretação para soar cínica o suficiente em canções como Eu Nunca Te Amei Idiota (Alvin L.) ou para transmitir a pungência necessária em outras como Que Será (sucesso de Dalva de Oliveira). Ana está amadurencendo e tem chances de melhorar ampliando cada vez mais seu leque de temáticas, ritmos e intenções. Nem precisa de tantas citações literárias ou grandes conceitos para emplacar. Basta ser simples e investir cada vez mais num repertório adequado e interpretações pertinentes.



Crítica de Rodrigo Faour

Fonte: CliqueMusic

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