quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Jornalista arranca confissões das vozes do Brasil

vozes do brasil


Apresentadora do cult programa Vozes do Brasil na rádio paulista Eldorado FM, a jornalista Patrí­cia Palumbo pegou emprestado, em 2002, o título do programa para dar nome ao livro em que reuniu entrevistas com nomes da música brasileira. Cinco anos depois, a jornalista apresenta o segundo volume, com prefácio de Lenine, a propósito um dos entrevistados do primeiro livro. "É a continuação de uma peça fundamental para entender a música brasileira", conceitua o compositor a respeito do ótimo Vozes do Brasil 2 (Editora DBA, 204 páginas, R$ 69).


Com amplo conhecimento da obra dos entrevistados, a jornalista extrai boas confissões de Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Elba Ramalho, Fernanda Abreu, Jussara Silveira, Mônica Salmaso, Nando Reis, Pato Fu, Rita Lee, Tom Zé e Zizi Possi. Confissões que não entram no terreno sensacionalista, mas que revelam o modo como estes artistas pensam, vivem e fazem música (nos casos dos compositores). Eis relatos de vozes entrevistadas pela jornalista:



"Claro que, para o compositor, a (Maria) Bethãnia gravar a música dele é um rito de passagem, sem dúvida nenhuma. Não sei se confirmação é a melhor palavra, mas, evidentemente, ninguém nunca mais éo mesmo depois de ter uma música gravada por Maria Bethânia".
Adriana Calcanhotto

"Compor canções populares, é simples, é coisa bem natural. Eu as faço como se isso fosse uma dor, mas também as faço com prazer - eu gosto de falar às pessoas, de me comunicar com elas dessa forma. Sou uma apaixonada, sinto amor, gosto de falar sobre isso".
Ana Carolina

"Sempre acho que meus discos são fracos. Mas tem um disco meu que é muito bom, que eu elegeria como o melhor de todos: o 'Solar', que tem duas fases, uma ao vivo e outra em estúdio. Esse disco é bom pra caramba, é bem-feito, bem-produzido". Elba Ramalho



"Na música, um cantor sempre começa imitando outro. Eu não consegui imitar. Sempre gostei muito mais de homem cantando do que de mulher, esse é o meu problema. No palco, os meus Ãdolos são Mick Jagger, Michael Jackson e Prince, muito mais que Madonna".
Fernanda Abreu

"Em nenhum momento, procurei imitar a Gal. Ela éuma referência natural, assim como Bethânia - que, por mais explosiva que seja, é às vezes a coisa mais cool do mundo. Por incrível que pareça, alguns homens me ensinaram mais que as mulheres a cantar. Foi o caso de João Gilberto, de Paulinho da Viola e de outros que nem são considerados grandes cantores. Como exemplo, posso citar Páricles Cavalcanti. Assistir a um show dele é aprender a cantar". Jussara Silveira


"Sou menos cantora arquetípica e mais musicista. Quando já sabia que queria cantar e estava xeretando, surgiram modelos que me serviram de escola. A Zizi Possi com 'Sobre Todas as Coisas', que émaravilhoso. E o Ney Matogrosso, que já  fazia esse tipo de coisa, com 'Pescador de Pérolas', que era um disco ET - um cantor popular que grava um concerto". Manica Salmaso


"A Nara Leão, eu comecei a ouvir a por causa dos meus pais, e ela me apresentou ao Roberto Carlos. Eu era pequena e, até então, achava que a Nara era supermais importante que o Roberto. E, de certa forma, é porque é outro tipo de importância, de intérprete, que é fundamental. As primeiras coisas que você escuta são as coisas que tocam na sua casa. Felizmente, o que tocava lá em casa era muito bom: Nara, Paulinho da Viola, Clara Nunes". Fernanda Takai


"...O melhor lugar do mundo é o palco. Nossa! É uma coisa de louco mesmo. Eu tinha cólicas todos os meses, dor de cabeça, dor de dente, dor de tudo. Todo o mundo meio que sabia das minhas nóias, mas eu entrava no palco e acabava tudo. Tenho pavor de barata, mas, se eu vejo uma no palco, sou capaz de pegá-la. É sensacional. É maravilhoso. Perdi a vergonha e estou sem vergonha até hoje". Rita Lee


Blog Mauro Ferreira

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