Cantora inicia temporada amanhã no Tom Jazz e recebe Alcione na estréia
E lá se vão 30 anos de carreira de Zizi Possi. E como esse tempo todo, afinal, não serve só 'para contar os pés-de-galinha na cara', mas para acumular um repertório musical considerável, a cantora decidiu remexer em tudo o que já fez e acrescentar o que ainda não realizou. A partir de amanhã, ela faz temporada de 12 shows, cada um com repertório diferente, todas as terças-feiras no Tom Jazz, recebendo um amigo a cada semana. A primeira da lista é Alcione. Depois vêm Alceu Valença, Eduardo Dussek, Edu Lobo, a filha Luiza Possi, Ivan Lins, Ana Carolina, Bibi Ferreira, Toninho Ferragutti e outros três que combinarem afinidade com disponibilidade de agenda.
Para ela, é 'uma condição bacana de realizar música com M maiúsculo', reunindo gente que sabe fazer arte, o irmão José Possi Neto incluído. Ele assina a direção dos shows. 'Há muito tempo sonho fazer temporada numa casa, como se fazia décadas atrás. Como tudo mudou, as temporadas também foram encurtando, a música foi achatada por um mercado enlouquecido', observa. 'Fico deprimida com essa situação, mas quero fazer algo diferente. O momento é propício, os astros estão a favor.' A cantora diz que até colocou seu escritório à venda para poder bancar a temporada, bem como o registro dos shows em áudio e vídeo, para lançar em CD e DVD. 'Não temos patrocínio, apenas apoios. É um projeto camicase porque são 12 shows únicos. Não tem como refazer.' O que vale mais é comemorar com estilo.
'Quando decidi fazer esses shows para apresentar o repertório que é minha identidade, achei que nesse momento precisava abrir a casa, receber quem forma um mosaico na minha vida', diz Zizi. Alcione foi a primeira pessoa do meio artístico que ela conheceu quando foi contratada pela Philips (hoje Universal), na própria gravadora. 'Ela foi um encanto comigo. Senti de imediato uma cumplicidade de colega - e ela já estava no auge.'
Uma das canções que ambas vão interpretar juntas amanhã é Poemas de Papel, que Raul Seixas compôs para Alcione e foi sugerida agora a Zizi pelo DJ Zé Pedro. 'É importante ressaltar o auxílio luxuoso de Zé Pedro, não só na escolha de repertório, mas também pelo incentivo que me deu. É muito precioso o que ele está oferecendo.'
Zizi foi revelada ao grande público no antológico dueto com Chico Buarque em Pedaço de Mim, no disco dele de 1978. Chico foi convidado para a temporada, mas não vai poder participar. Ele já teve outros temas valorizados pela voz cristalina de Zizi, como as obras-primas em parceria com Edu Lobo: Sobre Todas as Coisas, Valsa Brasileira, O Circo Místico, Beatriz. 'Olha o que esse homem já me forneceu de música boa', diz de Edu.
De Dussek ela gravou Ave, Eu Velejava em Você, O Pão e preserva por ele a mesma afeição. Com Alceu, fez outro daqueles duetos de arrasar em Tesoura do Desejo. 'Alceu é um coração pulsante, não existe nada fixo nele. Sinto falta na música de hoje essa energia que ele tem, da música que sai do papel e mexe profundamente com os sentidos. A brincadeira dessa temporada é fazer isso.' Sobre Bibi, ela também admira a integridade. 'Tenho um respeito enorme por ela, inteira em tudo o que faz. Só não se apaixona quem não assiste.'
Ana Carolina é a mais nova agregada. 'Não gravei nada dela ainda, mas vejo frases instrumentais em canções como Hoje Eu tô Sozinha, em que há uma sintonia com meu universo.' Outro com quem Zizi sempre sintonizou foi Gonzaguinha e o show do dia 29 de abril, quando se completam 17 anos de sua morte, vai ser em parte dedicado ao cancioneiro dele. 'É importante falar para o mundo que ele deixou uma obra, que não é tão valorizada.' Esse talvez seja o repertório que Zizi vai trabalhar daí por diante, incluindo canções de José Miguel Wisnik e Luiz Gonzaga 'pra caramba'.
Serviço
Zizi Possi. Tom Jazz (http://www.tomjazz.com.br/)
Avenida Angélica, 2.331, 3255-3635. 3.ª, 21h30. R$ 100 a R$ 200. Até 27/5
Fonte: O Estado de S.Paulo
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