quarta-feira, 4 de julho de 2007

Prêmio Multishow 2007 não teve um grande vencedor

Ivete Sangalo foi indicada quatro prêmios e levou dois. Marcelo D2 e Jota Quest, indicados a três, levaram um cada, o rapper pelo melhor clipe para "Dor de verdade" e Rogério Flausino, do Jota, como melhor cantor. Caetano Veloso e Negra Li, também indicados a três, nada levaram. O homenageado do ano foi Chico Science, morto há 10 anos. Ele teve sua vida e obra lembradas com um resumo de história e obra no telão e os Paralamas do Sucesso e a Nação Zumbi juntos no palco fazendo uma sonzeira com "A cidade", "A Praieira", cantadas por Jorge du Peixe, vocalista da Nação, e Marcelo D2 e "Manguetown", cantada por Herbert Vianna, canção gravada pelos Paralamas em 1999, no "Acústico MTV".


A noite teve dois micos. Ana Carolina cantando "Eu comi a Madona", uma canção amorfa que mereceu apenas aplausos durante dois segundos e trinta e seis milésimos e Dinho Ouro Preto na apresentação do prêmio de melhor cantora. Ele entrou, pediu para recuperar o fôlego, abriu o envelope e mandou que a vencedora era Ana Carolina.


Só que antes tinha que passar um vídeo das indicadas, daí ficou um buraco no tempo da transmissão ao vivo. Ele percebeu a mancada, caiu de joelhos, e saiu se desculpando: "Foi mal. Me falaram para não fazer isso mil vezes, mas estou muito emocionado, a gente não esperava ganhar. Estava comemorando lá atrás. Desculpe, não foi desrespeito com as outras indicadas," mandou ele. Pelo menos tapou o buraco. O Capital levou o troféu de melhor grupo. E cantou "Eu nunca disse adeus", um quase plágio de "American pie", de Don McLean - dá pra cantar a letra junto. Na reprise, que foi ao ar de madrugada, a mancada foi editada, com a inclusão das indicadas e a exclusão do mico de Dinho.


O prêmio Multishow caminha a passos largos para se tornar um Video Music Brasil da MTV, com paulistização e tudo. A apresentadora (maravilhosa) Fernanda Torres mandou bem num dos intervalos, dizendo que o prêmio antigamente era solene e desde o ano passado virou "essa loucura jovem". A listagem geral de indicados comprova isso com escassa presença da MPB e do samba e presença maciça do pop rock (CPM 22 e Charlie Brown Jr. destacaram que era a primeira premiação deles no Multishow). O cenário não faria feio no VMB. Objetos geométricos que serviram de telas para projeções, um emaranhado de fitas no fundo e dois painéis de colagens a la arte pop que poluíram a imagem na tela da TV.


Se Caetano Veloso anda tirando onda com um disco de rock que, a rigor, nem de rock é, seu amigo tropicalista que está ministro, mostrou que bem antes meteu o gogó na eletrônica. Gil abriu a noite com o batidão de "Pela internet" com a invocação de uma homepage cheia de gigabytes para construir uma jangada. Tudo a ver com o homenageado da noite, artífice da junção do mangue com a linguagem binária do universo virtual. E tudo a ver também com o conceito de multisintonia que os gênios do marketing criaram para o prêmio este ano. Prato cheio para o anúncio feito por Fernanda Torres sobre a transmissão do prêmio pela rádio internética e ainda com imagem em tempo real pelo site da Globo.com. "Entramos no ar com tanta tecnologia num ano de caos aéreo," mandou ela. Esquivando-se de uma fiarada que os roadies tiraram à sua volta, ela reclamou que havia muito fio e que ano que vem será wireless (sem fio).


E chamou seu companheiro de “Os normais” Luiz Fernando Guimarães para apresentar com ela o prêmio de melhor clipe. Afiadíssimos pela convivência, os dois improvisaram um esquete como se nunca tivessem trabalhado juntos e chamaram Marcelo D2 para o prêmio de Melhor clipe por “Dor de verdade”, um prêmio que, a rigor, não é dele, mas do diretor Johnny Araújo, ausente. E por uma música que não é dele, parceria de Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz.



Fonte: Agência O Globo

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