segunda-feira, 17 de agosto de 2009

CD N9ve marca as reviravoltas de Ana Carolina

ana carolina


Esqueça os tons excessivamente elevados de canções como Uma Louca Tempestade, Elevador eEncostar na Tua, assim como os mega e exaustivos sucessos radiofônicos É Isso Aí e Quem de Nós Dois. Também deixe de fora a grande quantidade de informação musical do CD duplo de estúdio Dois Quartos, lançado em 2006, e as letras explicitamente polêmicas de Eu Comi a Madona e Cantinho.


Em N9ve, álbum já nas lojas, Ana Carolina buscou um canto mais suave, certa distância de alguns hits da carreira, repertório enxuto (“apenas” nove canções) e letras que não mereceram a indicação de 18 anos, como aconteceu no anterior Dois Quartos. Tudo isso, segundo a artista, sem intenções prévias.




“Não penso antes de fazer um disco. Faço as canções e, depois, acontece. O processo foi, nesse sentido, mais sintético. Resolvi colacá-las no CD cantando de maneira mais suave. Acho que foi um ponto positivo porque nem sempre as pessoas aguentam escutar 24 canções em um álbum”, diz a artista, em entrevista por telefone.



Com o trabalho, que comemora dez anos de uma bem-sucedida carreira fonográfica (três milhões de CDs vendidos, aproximadamente), a artista busca um tipo de reposicionamento, a começar pelo conceito do projeto gráfico do álbum, voltado para atmosfera mais “cult”.


Prova disso também é evidenciada em algumas declarações da cantora, principalmente naquelas que envolvem arrependimentos por sucessos como É Isso Aí, gravado com Seu Jorge, e Quem de Nós Dois.






Não sei nem se gravaria estas músicas. Acho que quando passa o tempo, você modifica um pouco o olhar em relação às coisas. Não gravar acho radical. Mas não faria com aquele arranjo, daquela maneira. Tanto que estas canções foram relidas”.

Mas Ana sabe bem que mexer a tal ponto em time que ganha é por demais arriscado. Quando questionada se as músicas sairiam por completo dos shows, prefere ponderar. “Talvez eu cante. Não defini o que fazer no próximo show. É lógico que as canções do N9ve vão estar presentes, mas não dá pra fazer um show com nove músicas”, diz.


Julgamentos – Por ser uma das cantoras que mais vendem discos e fazem shows no Brasil – N9ve saiu com 99.999 cópias de tiragem inicial, só não 100 mil para combinar com as coincidências que ela quis abarcar com o número 9 – , a artista afirma que nem sempre a obra é assimilada no total e que parte do público recai no preconceito.




“Quando você começa a escrever sua história, você vira a sua história. Quando vão falar de Ana Carolina, é inevitável as pessoas não se esquecerem de Garganta, Quem de Nós Dois… Isso acontece principalmente com o público flutuante, que só conhece músicas de trabalho”.


E completa: “Tem uma facção que vai para o show ouvir É Isso Aí, mas tem gente ligada em outras coisas, que não são menores porque fizeram menos sucesso. Muitas vezes, você fica resumido a uma fragrância, como se fosse só aquilo”.



O fato de sempre ser apontada como polêmica nunca incomodou a mineira.




Tudo que gera assunto mexe com a percepção de cada pessoa, com a ideia de cada pessoas sobre a própria vida. Nenhuma forma de arte faz sentido se você não tocar o outro. Eu prefiro muito mais a polêmica, para o bem ou para o mal, do que quando você passa batido. A apatia é a pior coisa”.



Entre as controvérsias , está a famosa capa da revista Veja, publicada em 2005, na qual assumiu a bissexualidade.




Acho que repercutiu um pouco às avessas. As meninas, o público gay, talvez tenha se incomodado. Difícil mensurar isso porque o show continua lotado. Mas elas questionaram o fato de eu gostar de menino também”.



Ana Carolina diz que acompanha o que é publicado sobre seu trabalho a ponto de telefonar para debater. “Quando conheço o trabalho do crítico e vejo que tem algo incoerente, eu passo a mão no telefone e ligo”. A cantora, contudo, faz distinção entre os textos. “No Brasil, escrevem como querem e você fica na mão de um comentário. Tem críticas que, mesmo falando mal, são coerente. E tem outras que são implicantes. O cara vem falando mal há anos de pessoas que nem eu ou você teríamos coragem de falar. Falam até de Tom Jobim. A função é falar mal. Neste caso, não passo a mão no telefone. Não perco tempo”.



Fonte: Jornal A TARDE On Line.

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