domingo, 26 de outubro de 2008

Fã é fã!

Ana Carolina é a colunista convidada da Revista O Globo deste domingo




[caption id="attachment_1548" align="alignleft" width="268" caption="Fãs que também emocionam..."]Fãs que também emocionam...[/caption]

O que elas são capazes de fazer...Fã. Isso mesmo, escrevi fã(ponto). Fã é fã, sem adjetivos, predicados, derivados ou predicativos do sujeito. Se tem um ser que eu admiro, é o fã. No meu caso, a fã. Elas querem falar, escrever, dizer, cantar, se manifestar, mostrar ao ídolo toda sua adoração. E por que o adoram. Poderia escrever um livro contando todos os fatos que já aconteceram comigo. Eu e elas, as fãs. Vou começar pegando leve, o.k.?




Uma vez, em Fortaleza, ou Recife, não me lembro, ganhei uma caixinha perfumada, muito graciosa, com lacinho rosa que me chamou a atenção, pela delicadeza. Ao abrir, o impacto foi grande; era um órgão feminino, de chocolate, e um bilhete, é claro! Que dizia: “Sempre que você comer, vai lembrar de mim!” Sim, senhora! Muito bem!


Certa feita, em Vitória, ficamos em um hotel cheio de entradas e seguranças por todos os lados. Eu fiquei no terceiro andar (o último). Encurtando a história, cinco meninas tentaram entrar no hotel de todas as maneiras. Fizeram de tudo: insistiram, choraram, berraram meu nome, fizeram até chantagem com os seguranças, e nada. Aborrecidas e desoladas, ao saírem, notaram algumas janelas que davam para o corredor do hotel. Só sei dizer que uma tirou os sapatos e, não me pergunte como, chegou à janela do segundo andar e tchum... se jogou para dentro hotel. Ao perceber que o segurança do andar estava ali, ela tchummmm... se jogou de volta pela janela para fora do hotel. Não sei como foi a queda de volta, nem se ela está viva. Aliás, eu só fiquei sabendo do ocorrido quando vi alguns seguranças debaixo da minha janela e perguntei o porquê de eles estarem ali. Foi quando soube da saga da menina corajosa! Ufa, que fôlego!



Ah, lembrei de outra, essa é muito boa. Fui para Brasília, fazer um show. Terminando o show, fui jantar. Ao chegar ao restaurante, fui aplaudida pelo público do local e fiquei encantada com tanto carinho. Sentamos, pedimos e, não deu meia hora, chegou uma moça com a pé quebrado, engessado. Ela veio até a mim e disse:
- Não acredito, a vida é muito boa mesmo!
Eu pensei: que bom humor pra quem está com o pé quebrado! Ela me contou que uma hora atrás estava no meu show, sã e sem gesso, normal. Quando eu chamei a galera para ir para a frente do palco e dançar, ela saiu correndo e se estabacou em outra menina. Quebrou o pé e foi direto para o hospital. Saiu de lá com fome e resolveu ir a um restaurante: o mesmo em que eu me encontrava!!!
Portanto, eu fui a primeira pessoa a assinar o gesso dela... Que coisa, né?! C’est la vie. Desejei boa sorte !

Show em Rio das Ostras. Praia. Mais ou menos 20 mil pessoas. Na saída, havia um corredor para a passagem do carro. Vários seguranças em volta e uma rede de proteção para que as fãs mais exaltadas não passassem. Pois bem, uma menina conseguiu passar pela rede de proteção, pelos seguranças, abriu a porta do meu carro, em movimento, sentou-se ao meu lado e, tendo o requinte de fechar a porta do carro, me disse:
- Só quero dizer que amo você.
Beijou educadamente o meu rosto e saiu com a mesma destreza com a que entrou. Importante dizer que o motorista do meu carro não viu o acontecido. Nenhum segurança viu, e eu a perdi de vista. Essa tinha que trabalhar pro FBI, incrível mesmo. Agora não me assusto mais com nada. Só tenho medo de chegar no quarto, abrir a porta e encontra uma fã deitada na cama... Elas são capazes de tudo!!!


Fonte: Jornal O Globo "Revista"/Ana Carolina, colunista Convidada

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